O jardim

“…É aqui que intervém a outra peça à qual assisti neste fim de semana, “O Jardim”, da Cia. Hiato. A peça viajou por festivais do mundo e volta a São Paulo por um mês apenas (no teatro da USP, na Maria Antônia).

Preciso evitar “spoilers”, pois um dos prazeres da peça é que o espectador é convidado a entender como são ligadas as três histórias às quais ele assiste. Mas uma coisa posso afirmar, sem estragar o prazer de ninguém: raramente percebi com tamanha intensidade a beleza da vida, digamos assim, “como ela é”, sem a consolação de uma transcendência divina.

Perdemos as casas da nossa infância, os filhos que não tivemos e os que tivemos, os amores que não vingaram e os que vingaram, os álbuns de fotografias e as caixas com aquelas coisas das quais nem nos lembrávamos mais. Pior, envelhecemos e perdemos a nós mesmos, até nos esquecer de quem fomos.

Mas o que sobra não precisa ser a necessidade de um deus que nos console; ao contrário, pode ser uma imensa ternura pelo tempo que passa e pela vida vivida…”

Contardo Calligaris

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em 30/07/2015 - 0:05h

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