O ponto de partida para a criação do espetáculo "Cachorro Morto" foi a relação entre a matemática e outras formas de comportamento e cognição. Espetáculo fundador da Cia. Hiato, "Cachorro Morto" percorre os pensamentos de um autista que sabe tudo sobre matemática e quase nada sobre seres humanos. Ao multiplicar esse protagonista pelos corpos dos atores, a cena cria uma narrativa múltipla que investiga nossa incansável compulsão por "entendimento". Como se estivéssemos dentro da cabeça do protagonista, fragmentado em cinco versões, somos levados a acompanhar as metamorfoses dos atores por uma encenação simples que nos apresenta um "mundo de construções impossíveis, explorações do infinito, padrões e fórmulas matemáticas".

Ficha Técnica

Livremente inspirado em “The Curious Incident of the Dog in the Night-time”, “Nascido num Dia Azul”, de Daniel Tammet e “A Música dos Números Primos”, de Marcus du Sautoy

Direção e dramaturgia:
Leonardo Moreira

Elenco:
Aline Filócomo
Luciana Paes
Mariah Amélia Farah
Thiago Amaral
Joaquim Lino

Atriz alternante:
Fernanda Stefanski

Cenário:
Leonardo Moreira

Iluminação:
Marisa Bentivegna

Figurinos:
Willy (por William Moreira)

Trilha sonora/animações:
Gustavo Borrmann

Prêmios e Indicações

FEMSA 2010:
Pré-indicação de melhor espetáculo jovem
Pré-indicação de melhor cenário

FENATA 2010 - 38º. FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DE PONTA GROSSA:
Prêmio Especial do Júri pelo Conjunto de Interpretação
Prêmio revelação: direção
Prêmio melhor texto original
Prêmio melhor espetáculo
Indicação a melhor cenógrafo: Leonardo Moreira

Reviews

"Uma agradável surpresa da temporada. Criativa e sem pieguices, a encenação reveza os cinco atores no papel do protagonista – com destaque para a interpretação de Luciana Paes e trata com inteligência e amplitude um tema delicado."

"Não se trata só de um drama sobre uma pessoa especial e suas dificuldades sociais. Escrita e dirigida por Leonardo Moreira, a peça constrói um hábil jogo para envolver o espectador numa história que também se rende ao suspense e à comédia. Com o revezamento de cinco atores na pele do protagonista – um portador da Síndrome de Asperger, distúrbio cujos sintomas se parecem com os do autismo -, a plateia se vê diante do desafio de construir a própria imagem do personagem. O efeito multiplica o personagem intrigado com o assassinato do cachorro da vizinha. Ao brincar de detetive, ele remonta o quebra-cabeça de sua vida e transforma seu futuro. A montagem no SESC Avenida Paulista injeta amplitude e inteligência num tema delicado. Mostra também a força do sangue novo da jovem equipe na hora de instigar o público".


Veja São Paulo Recomenda – 09/07/2008


"Leonardo Moreira estava interessado em trazer o universo do autismo para a cena e o conseguiu plenamente. De algum modo, mesmo na colagem destas referências consagradas e contando com a participação ativa dos atores, ele revela um talento de dramaturgo que ainda promete muito nessa combinação com as funções de encenador. Os atores, por sua vez, alcançaram um padrão homogêneo sem o que não seria possível desenvolver-se a dinâmica de constante variação da voz narradora. (...). Não é todo dia que se apresenta um mundo, como diz o neurologista Oliver Sacks, tão mágico de correlações entre os números, as cores, a moral e o tempo".

Luiz Fernando Ramos – Folha de S. Paulo


"Cachorro Morto, primeiro trabalho de um grupo jovem que atrai a atenção do espectador do início ao fim tanto pela trama bem urdida, uma inteligente abordagem do autismo, quanto pela linguagem cênica. (...)resultado cênico a um só tempo simples e fascinante desse espetáculo que tem potencial para agradar a públicos de todas as idades e formação".

"Revelação: Eis um típico caso em que a tecnologia é bem empregada na dramaturgia. Leonardo Moreira, um diretor para se ficar de olho, alia efeitos de animação ao sensível espetáculo "Cachorro Morto, para que mergulhemos sem piedades nem pieguismos nos sonhos de um jovem portador da Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Todo o excelente elenco faz o papel do menino, num quebra-cabeças bem criativo".


O Estado de São Paulo – 21/05/2009