Um menino míope com uma estranha capacidade de ouvir segredos passa suas tardes mergulhando na piscina de um clube. Uma senhora recebe a costureira para aulas de natação – sem uma piscina, elas se usam pequenas tigelas cheias de água. Um homem convive com a perda da fala enquanto ensaia seu discurso e aquários vazios. Uma professora prepara sua aluna para um torneio de Natação para deficientes. Neste evento, esses personagens incomuns se cruzam, ameaçados pela chuva iminente e prestes a compartilhar uma pequena tragédia.

Ao criar uma teia de histórias de narrativas paralelas, embora convergentes, o texto abre espaços de irrealidade em um dia de quatro núcleos de personagens ligadas por um mesmo tema: a inadequação e a perda da linguagem. Cegueira e outras fragilidades da visão, desorganização da fala e afasia ou perda da capacidade auditiva unem de forma sutil – e sem procurar criar um espetáculo inclusivo ou didático – quatro universos imaginários, reflexos de outras formas de pensamento, memória e cognição.

Ficha Técnica

Direção e dramaturgia:
Leonardo Moreira

Elenco:
Aline Filócomo
André Blumenschein
Daniela Duarte
Fernanda Stefanski
Flávia Melman
Luciana Paes
Mariah Amélia Farah
Otávio Dantas
Paula Picarelli
Thiago Amaral

Cenário:
Marisa Bentivegna e Leonardo Moreira

Assistente de cenografia:
Grissel Piguillem

Iluminação:
Marisa Bentivegna

Figurinos:
Theodoro Cochrane

Costureira:
Dizô

Cabelos e maquiagem:
Nael Qassis

Libras (Língua Brasileira de Sinais):
Sônia Oliveira

Treinamento corporal (BMC):
Rodrigo Palma

Produção executiva:
João Victor d'Alves

Produção:
Companhia Hiato

Prêmios e Indicações

Prêmio CPT - Cooperativa Paulista de Teatro 2009:
Indicação a melhor autor

Prêmio CPT - Cooperativa Paulista de Teatro 2010:
Prêmio melhor espetáculo
Indicação a companhia revelação
Indicação a melhor Projeto Visual
Indicação a melhor Autor
Indicação a melhor diretor

Prêmio Shell 2010 :
Prêmio melhor autor
Prêmio melhor cenário
Prêmio melhor figurino
Indicação a melhor diretor
Indicação a melhor atriz

Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo:
Prêmio estímulo a novos textos

Reviews

"Leonardo Moreira é uma revelação que já se tinha anunciado em seu espetáculo anterior, "Cachorro Morto". Se ali ele ainda adaptava um romance sobre uma criança autista, no novo trabalho ele parte das diferenças e limitações humanas, genericamente tratadas como deficiências, para propor uma fábula aberta e original sobre o que é frágil e impotente em cada um de nós. A começar de suas próprias dúvidas, arregimenta o talento de dez atores de sua geração para explorarem o que é parco e pouco e menor em todos eles".

"Escuro marca a jovem maturidade de um talentoso narrador. Um que une os engenhos de ator e do dramatrugo às clarividências do encenador. Leonardo Moreira promete muito, e, junto com o coletivo que o acompanhou, tem o mérito de ter criado uma obra imperdível".

"...o que o belo conjunto da cenografia e iluminação de Marisa Bentivegna permite é a composição de uma série de 'tableaux' móveis, que vão apresentando as situações dramáticas em perspectivas diferentes, sem ansiedade, como uma imagem fotográfica que fosse lentamente se desvelando ao espectador. A imagem dominante é a do aquário, que aparece regular, em pequena escala, nas mãos das personagens feminas, e ampliada nos dois tanques longitudinais que evocam a piscina do clube e permitem um jogo de luzes e sombras encantador, constratado nos seus tons de cinza pelas cores vivas dos rigorosos figurinos de época de Theodoro Cochrane".


Luiz Fernando Ramos - Folha de São Paulo - dezembro de 2009


"O jovem autor, Leonardo Moreira, sabe escrever para teatro. Sua trama engenhosa, intrincada, remete ao cinema independente americano; as situações – que cria e cria sem parar – instigam e divertem. A exposição dos desajustes, dos estranhamentos, dos mudos e dos ingênuos, dos gagos e dos fanhos; tudo indica uma sensibilidade genuína, um olhar de artista sobre a própria existência. E sua direção aponta para o risco e resulta em simplicidade e inventividade, com grandes achados. Mas o que mais encanta – e encantamento é bem a palavra – são as personagens e seus intérpretes".

Nelson de Sá - Blog Cacilda – Folha de São Paulo